A ISO (International Organization for Standardization) é uma entidade mundial que cria normas internacionais para padronizar critérios de produção e formas de apresentação de documentos nos mais variados campos. A padronização facilita os intercâmbios internacionais, pois estabelece parâmetros universais para a troca de informações e serviços.
A ISO, em Genebra, é uma federação de institutos normatizadores nacionais que, além de contribuir para a definição de normas internacionais, desenvolve versões nacionais específicas.
No campo da tradução, a norma ISO 2384, publicada em 1977 e aprovada por 24 países, é utilizada como referência.
O título da norma é "Documentation - Presentation of Translations" e fundamentalmente trata de resolver dois problemas:
- até que ponto uma tradução pode ser considerada um substituto do documento original
- até que ponto deve ser possível identificar o documento original
Para aprender tradução, acreditamos ser fundamental iniciar com as definições e normas oficiais, em grande parte porque o exame de traduções feitas, no dia a dia, nos reserva notáveis surpresas: na maior parte das vezes tais normas são desprezadas, com freqüência porque não são nem mesmo conhecidas pelos responsáveis pela publicação das traduções.
É importante antecipar que a norma aqui apresentada não será o único fio condutor do curso: trata-se de indicações nem sempre absolutamente rígidas ou válidas para todos os tipos de tradução.
A norma ISO 2384 se aplica à tradução completa, parcial ou abreviada de documentos, mas não à tradução de resumos, ou seja, as notas breves que em certos casos aparecem como introdução de determinados artigos e que são escritas nos idiomas que têm maior difusão no mundo, como o inglês.
O quarto ponto da norma enumera os elementos essenciais e optativos da tradução e distingue entre quatro tipos de publicação: livros, publicações periódicas, artigos de imprensa e patentes.
LIVROS
No que diz respeito aos livros ou outras publicações realizadas em separado, é essencial especificar o seguinte:
- nome e sobrenome do autor (ou autores) do texto original e a função que desempenha, ou seja, se é um autor individual ou membro de uma coletividade (por exemplo, uma empresa), redator-chefe ou redator científico;
- o título original do texto traduzido ou sua tradução;
- o tipo de tradução: completa, parcial ou abreviada (nos dois últimos casos, é necessário especificar exatamente as partes traduzidas e as excluídas);
- o organismo responsável pela tradução, nome do tradutor ou tradutores e do chefe de redação ou redator científico ou editor da tradução;
- editor, local e data; para traduções não publicadas, endereço do responsável pela tradução;
- a numeração padrão internacional de livros (ISBN, International Standard Book Number). Este número é atribuído a todas as publicações não periódicas e contém informação sobre o país de edição, o editor e ou título;
- informação sobre os direitos de autor (copyright) da tradução.
É optativo especificar:
- o idioma da tradução;
- a tradução do título da coleção ou série da qual faz parte.
Quanto à informação relativa ao documento original, é essencial indicar:
- título no idioma original;
- lugar e data da publicação no idioma original;
- número da edição (primeira, segunda, etc.);
- editor;
- idioma original;
- ISBN.
É optativo especificar o título da série ou coleção da qual faz parte e o número do documento original dentro da série.
A norma ISO 2384 contempla uma possibilidade que raras vezes acontece, ou seja, que a tradução não seja direta (por exemplo, do árabe para o português, mas que passe por uma língua intermediária (do árabe para o francês e deste para o português, tal como aconteceu com uma versão muito conhecida de As Mil e Uma Noites, motivo pelo qual em muitos países continua-se a chamar à figura feminina Scheherazade, como em francês, e não Shahrazà, que é seu nome em árabe).
No caso de realizar-se uma tradução intermediária é essencial especificar:
- título;
- data e local da publicação;
- número da edição;
- idioma intermediário;
- ISBN.
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
São aquelas que estão sujeitas a qualquer ciclo de aparição. Os elementos de informação essenciais na tradução de publicações periódicas são:
- título no idioma da tradução;
- tipo de tradução realizada: completa, parcial ou abreviada (nos dois últimos casos é necessário especificar as partes traduzidas e as excluídas);
- nome de responsável da tradução: pessoa, empresa, redator ou editor;
- ano da publicação e indicação do volume traduzido, número, parte traduzida e número de página;
- editor;
- título-chave (definido pelo ISDS, International Serials Data Systems) e ISSN, International Standard Serial Number, que equivale ao ISBN nas publicações periódicas.
É optativo especificar:
- idioma da tradução;
- lugar e data de publicação da tradução;
- informação sobre a maneira de obter a tradução (número de identificação, data, preço).
Quanto à versão original do documento, é essencial especificar:
- título da publicação periódica em idioma original;
- ano da publicação, especificação do volume, número e parte traduzida e outros elementos bibliográficos (se são diferentes dos presentes na tradução);
- idioma do documento original;
- depois do número da página da tradução, entre parênteses o número da página do documento original;
- título-chave e número ISSN.
É optativo indicar o lugar da publicação original, mas é indispensável fazê-lo se for considerado essencial para identificar a publicação.
CONTRIBUIÇÕES OU ARTIGOS
Quando um livro é constituído por textos de diferentes autores, cada um deles é denominado "contribuição", enquanto que "artigo" é a contribuição que aparece em uma publicação periódica.
Ao publicar a tradução de um artigo ou participação, é essencial assinalar alguns elementos importantes:
- nome e sobrenome do autor ou dos autores especificando sua função: se se trata de um autor individual ou que faz parte de uma coletividade (por exemplo, uma empresa), chefe de redação ou redator científico, etc.;
- tradução do título do artigo;
- o tipo de tradução: completa, parcial ou abreviada (nos dois últimos casos é necessário especificar as partes traduzidas e as excluídas);
- organismo responsável pela tradução, nome completo do tradutor ou tradutores, e do chefe de redação, ou redator científico ou editor da tradução;
- informação sobre como obter a tradução (número de identificação, data, preço).
É optativo indicar:
- idioma da tradução;
- lugar e data da tradução;
- se a tradução não foi tomada de publicações periódicas, deve indicar-se o tipo de documento da qual foi tirada;
- se a tradução é parte de uma pré-tirada ou pré-impressão, é necessário especificar.
É sempre essencial especificar certos elementos referentes ao original quando se publica a tradução de uma contribuição ou artigo:
- título do artigo no idioma original;
- título da publicação periódica em idioma original;
- ano de publicação, dados sobre volume, número, parte, página e detalhes bibliográficos, se houver;
- ISSN ou ISBN.
Por outro lado, é optativo especificar o lugar da publicação do original, embora seja necessário fazê-lo se for essencial para identificar a publicação periódica.
PATENTES E DOCUMENTOS SEMELHANTES
Quando se publica a tradução de uma patente, é essencial especificar certos elementos da tradução:
- tipo de documento;
- país de publicação;
- número de identificação;
- nome do país do solicitante ou do titular, seja um indivíduo ou uma empresa;
- tradução do título.
É essencial indicar outros elementos do original:
- título do documento;
- idioma do documento original.
É optativo especificar:
- número, data e país do solicitante;
- número e data de apresentação (registro);
- número e data de publicação;
- data da patente;
- idioma da tradução;
- data de publicação da tradução.
Bibliografia
International Organization for Standardization (ISO),
Documentation - Presentation of translations, Genève, © 1977.
http://www.iso.ch
http://www.unicei.it